Evento

Pandorgas tomam conta do Laranjal

Desde simples retângulos de papel a modelos mais sofisticados, quem participou do festival viu seus papagaios subirem alto, levados pelo vento

Carlos Queiroz -

Apesar do dia nublado, o céu da praia do Laranjal se encheu de cores durante a 3ª edição do Festival de Pipas, promovido pelo Jornal Diário Popular no sábado (30), próximo ao trapiche, em Pelotas. Sem conter a alegria, dezenas de crianças, adultos e idosos aproveitaram a tarde de temperatura amena, sol tímido e vento favorável para soltar pandorgas das mais variadas formas e tipos. Desde simples retângulos de papel a modelos mais sofisticados, quem participou do festival viu seus papagaios subirem alto, levados pelo vento e pelas risadas da criançada que aprendia com os mais velhos os segredos da antiga arte.

Foi o caso do aposentado Nedi Costa, 79. Ao saber do festival, ele fez questão de levar o neto, Vitor, 13, para soltar pipa e curtir os últimos dias de férias antes do jovem voltar para casa, em Florianópolis, Santa Catarina. “Lá ele tem a pandorga dele. É uma grande e linda. Esta é mais simples, mas dá para o gasto”, garante o avô, enquanto mostra a estrutura em formato de pássaro. Já o administrador Edilson Silva, 48, e o filho dele, o estudante Rodrigo, 15, fizeram questão de participar do festival como forma de homenagear a memória do pai e avô, morto há quatro anos. O senhor adorava soltar pandorga e construiu uma bela pipa tipo bidê - sem rabo -, raridade nos dias de hoje.

Segundo Edilson, desde a morte do pai a pandorga estava cuidadosamente guardada em um armário. “Achamos que nem ia funcionar. Ele ia adorar se estivesse aqui”, disse o administrador, com os olhos atentos à estrutura colorida no céu. Conforme o especialista nesse tipo de brinquedo e comerciante, Wilson Fernandes, 56, o costume de soltar pandorga vem se perdendo com o tempo e é muito importante atividades como a proposta pelo Diário Popular. Para ele, além de ser um hobby saudável, é capaz de unir gerações e promover a troca de conhecimentos, incentivando o respeito dentre jovens e os mais velhos.

Família unida vai à praia soltar pipas
Em tempos de internet e mídias sociais, incentivar a interação e a troca de conhecimentos entre as diferentes gerações é justamente a proposta da ação promovida pelo Diário Popular, com a ajuda dos parceiros. Quem afirma é o gerente comercial do DP, Rogério Caldellas, que também aproveitou para soltar sua pandorga e relembrar os tempos de infância. “É uma atividade sadia e que une as famílias. O Jornal não tem como abrir mão do festival. Já virou uma tradição.” O Festival de Pipas integra o projeto Laranjall 2016, do Diário Popular. Até o fim de fevereiro outros eventos integrarão a programação, cujo encerramento está marcado para o dia 21 de fevereiro, com a pedalada de verão.

Atividades todo fim de semana
Antes disso, serviços estarão disponíveis em todos os fins de semana. Destaque para a disponibilização de 40 guarda-sóis pela Unicred, empréstimo de bicicletas de rodinhas pela Unimed, cangas pelo DP e toalhas sociais pela Zezé, além da distribuição de sacolas de lixo para automóveis e flyers com dicas de saúde. Biscoitos da Zezé também serão oferecidos para degustação. “A iniciativa é muito legal. Para quem gosta de vir ao Laranjal é sempre bom ser bem acolhido”, afirmou o meteorologista Fernando Lopes, 39, enquanto observava o filho Benjamim, 3, dar as primeiras pedaladas em uma das bikes disponíveis.

Uma história milenar
O que hoje é uma brincadeira, antigamente era uma arte. Os primeiros registros envolvendo o uso da pandorga ocorreram na China. Foi lá que a técnica ganhou ares profissionais e passou-se a usar os melhores materiais, incluindo fios de seda e o próprio tecido para capturar o vento e o leve e resistente bambu, usado para dar força à estrutura. Na época, as pipas eram usadas para enviar mensagens, medir distâncias, testar o vento e até em missões militares. “Com o tempo foi se tornando uma brincadeira, mas começou como coisa série, usada até na guerra”, conta o especialista Wilson Fernandes.

De pipa a pandorga, os vários nomes da diversão
No Brasil

Papagaio - Em todo o país

Pandorga - Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Sul do Paraná

Raia - Norte do Paraná até Curitiba

Quadrado e papagaio - Interior de São Paulo

Curica, cângula, jamanta, pepeta, casqueta e chambeta - Norte

Pipa - São Paulo (capital) e Rio de Janeiro

Arraia, morcego, lebreque, bebeu, coruja e tapioca - Nordeste

Barril e bolacha - Nordeste

Estilão e pião - Sudeste

Cafifa - Niterói

Maranhão - Minas Gerais e algumas regiões do interior de São Paulo

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